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Viral ou cyberbullying?

Este post é inspirado na Ted Talk de Monica Lewinsk. Para quem está a ler este texto, de certeza que esboçou um sorriso nos lábios. Mas esse sorriso tenderá a esbater-se depois de ouvir o que Lewisnki tem a dizer.

Todos devemos bater-nos por conteúdo viral, que ajude a passar uma mensagem, mas de qualidade, que não seja algo que ataca a dignidade humana ou animal. E na Internet temos visto muito deste cyberbullying. E rimos, sem pensar no que está em causa. Na vergonha dos outros, na vergonha que devíamos sentir por nós próprios ao participar nesta corrente que, muitas vezes, leva a situações dramáticas. E só ficamos alerta para isto quando nos bate à porta.

A ex-estagiária da Casa Branca, ao serviço de Bill Clinton, viveu isto ainda a Internet estava no domínio de alguns e o conceito viral confinado a televisões, jornais e rádios. Mas A Internet chegou e a exploração do seu erro manteve-se. Como ela diz, numa tentativa de aligeirar o sofrimento, “é o tema de quase 40 músicas rap”.

A Internet está cheia destes exemplos. Começamos pelos gatinhos, passamos pelos desafios infantis (que normalmente acabam em desastre) e acabamos nos bebés. Alguém já parou para pensar como uma única pessoa tem acesso a dezenas, centenas de vídeos de bebés a fazer uma qualquer habilidade para os reunir num mix?

O fenómeno também já invadiu a televisão. Programas que exploram este tipo de vídeos e, por mais alertas que coloquem no final a desvincular-se do tema, acabam por incentivar a sua divulgação. É a exploração do voyeurismo humano.

Como pai, que se recusa a colocar de forma explícita qualquer imagem da filha na Internet, acabo por também ceder na partilha de alguns momentos. Mas é preciso cuidado com aquilo que se partilha.

Milhares de jovens expõem-se, ou expõem outros, na Internet sem pesar as consequências de atitudes que os pode perseguir para o resto da vida. Sofrem na pele, e sofrem com eles os que lhes são próximos.

As redes sociais são uma arma poderosa nos tempos modernos e chegaram aqui, muito em parte, graças a momentos menos felizes no que ao conteúdo diz respeito. Basta ver o que ainda acontece ao dia de hoje. Quem é que não experimento já partilhar um conteúdo com cariz mais sério e outro mais voltado à vergonha alheia? Não é preciso recorrer a estudos para justificar qual deles registou maior sucesso num curto espaço de tempo.

Também há casos que merecem ser partilhados, como em tudo na vida, há quase sempre duas faces da moeda. Quem não se emociona com a voz de uma criança de sete anos a cantar Sinatra com um nível de fazer inveja? Mas isto, para mim, enquadra-se no conteúdo de qualidade, uma mais valia cultural que vale a pena explorar.

Como esta prestação divinal de Jennifer Lopez, no American Idol.

Mas, a regra do “quanto mais parvo melhor” impera nas redes sociais. Como produtor de conteúdo, como jornalista, como homem, como pai, compete-me também ajudar a combater este flagelo. A lutar por conteúdo de qualidade. E com isto não me refiro a conteúdo que pode ser facilmente definido, e entendido por uma grande maioria, como adaptado à RTP2.

É preciso reforçar a confiança nas marcas que produzem conteúdo com qualidade, nos profissionais que se formaram para exercer uma profissão de acordo com regras perfeitamente estabelecidas, e seguir uma máxima básica: respeitar a dignidade humana!

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