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A solução dos media, está no "algoritmo"?

A incerteza que paira sobre os títulos em papel

 Não são apenas estes os títulos em risco, é toda a imprensa, todos os meios de comunicação social que estão na incerteza do futuro!

 

Ao ler a notícia de do Jornal de Negócios, sobre a manifestação de intenções da Impresa e Media Capital para criar em conjunto um "algoritmo" concorrente ao Google e Facebook, fico com alguma esperança que surja a união dos media em Portugal.

 

A responsável da Media Capital, Rosa Cullell, lançou o desafio a Francisco Pedro Balsemão, para a criação de um algoritmo concorrente ao dos players internacionais. Isto, durante o debate sobre o futuro da comunicação promovido pela IPG Mediabrands.

 

Mas, será que vamos no caminho certo? O que será esse "algoritmo?" Sinceramente, acredito que a solução não estará em tentar criar algo com um custo praticamente impossível de calcular, e, ainda por cima, para fazer frente, pela "via do código", a dois gigantes com o domínio tecnológico à escala global.

Será possível criar um algoritmo que mostre exatamente aquilo que cada um de nós quer ver?

 

A união, tem de ir no sentido de conseguir, a nível nacional mas também no contexto europeu, criar condições para valorização e proteção do conteúdo. Unir esforços de forma a conquistar o investimento publicitário para o conteúdo e não para os números apresentados por estes gigantes. Já agora, tal como tenho escrito neste blogue, números que são controlados pelas próprias plataformas e nos quais acredita quem quer!

Uma cópia, é uma cópia! E se a fonte original morre, nem a pirataria terá como sobreviver. 

Salvar os media, o jornalismo, passa por ter projetos editorialmente fortes, com qualidade, com profissionais que dignificam e respeitam a deontologia e unir esforços para combater a pirataria dos conteúdos.

 

O fim do papel, anunciado há anos, já chegou. O El País, aqui na vizinha Espanha, é a mais recente baixa no papel. A Internet é o presente, mas as regras que já existem para outras áreas, como a música ou os downloads de filmes de forma ilegal, têm de proteger também o conteúdo. Mais tarde ou mais cedo, será necessário forçar a legislação de forma a combater as estratégias de alguns sites que assentam apenas na cópia do conteúdo produzido pelos meios de comunicação social.

 

Ter uma redação composta por um grupo de pessoas que se limitam a "picar" as notícias alheias, baseia-se mais em pirataria do que jornalismo. As fontes originais das notícias, do conteúdo, têm o custo de produção, estes sites têm o proveito com origem na excelente estratégia de divulgação nas redes sociais, como o Facebook e Google.

 

Portanto, o caminho talvez esteja numa conjugação de esforços para conseguir contrariar o panorama de isenções legais que os gigantes internacionais possuem, forçar as entdades reguladoras a impor regras a quem copia as notícias e, em simultâneo, começar a olhar, a sério, para as estratégias no digital. 

 

Francisco Pedro Balsemão, futuro CEO da Impresa, considera os gigantes como "frenemies". "São concorrentes directos mas também são nossos parceiros", afirma, citado pelo negócios.

Os meios de comunicação social precisam de olhar para o Facebook e Google, e outras redes sociais, como ferramentas para angariar tráfego, retirando deles aquilo que podem, sem, no entanto, abdicar da sua autonomia e marcas. Evitar, a todo o custo, oferecer os conteúdos a plataformas que prometem o "El Dorado", como os Instant Articles. Se os meios de comunicação social caem neste erro, estão a dar o o ouro ao bandido!

 

Onde estão os leitores

O mundo está a mudar. Os hábitos de consumo estão, cada vez mais, inseridos no digital e a informação não é diferente. Os jornais em papel, pelo menos no que respeita aos diários, ficam sem sentido quando as notícias publicadas perdem a validade rapidamente. Afinal, uma boa estratégia digital permite que as notícias sejam dadas, praticamente, em tempo real.

Um país sem uma imprensa forte, pluralista e livre, é um país sem democracia. 

Um semanário, com artigos de análise, mais profundos, talvez continue a ter espaço, mas é preciso olhar para a dimensão do mercado e para o investimento publicitário disponível.

 

Os leitores, que hoje em dia têm contribuído para a queda de alguns dos principais meios, ao previlegiarem a leitura de notícias em sites que copiam, em vez das fontes originais, também precisam de saber escolher e exigir qualidade. Actualmente, não é isso que está a suceder. Lê-se e partilha-se aquilo nos chega mais rapidamente ao Facebook. E o Facebook, mostra o conteúdo de acordo com as regras obscuras do seu algoritmo.

 

É algo semelhante a comprar um iphone chinês, em vez do iphone original. Pode parecer a mesma coisa, mas, acreditem, não é. Ou ver um filme com um argumento copiado, filmado de forma amadora, em vez do filme original, ou um cover, em substituição da voz original. Pode até ser boa, mas não tem a mesma alma!

Uma cópia, é uma cópia! E se a fonte original morre, nem a pirataria terá como sobreviver.

 

Os utilizadores precisam de perceber que, para lerem, alguém tem o esforço de escrever. Se não pagam para ler, têm de perceber que é através da publicidade que os meios de comunicação social se financiam. A publicidade, os formatos, não podem ser uma selva, deve haver regras que garantam a qualidade, a usabilidade dos sites. Mas, se ninguém paga pela informação que lê, os meios de comunicação social não podem viver com os adblockers.

 

Um utilizador que usa estas ferramentas, está a contribuir para a morte dos produtores de informação. E um país sem uma imprensa forte, pluralista e livre, é um país sem democracia.

 

Por isso, cabe também aos leitores, seja no papel, no digital (onde os aparelhos móveis estão a ganhar terreno), lutar pela defesa da qualidade da informação que consomem. Lutar pelos títulos e marcas editorialmente fortes. Lutar pelos que procuram e redigem a informação e não pelos que copiam, roubam e vendem em bancas que deveriam ser ilegais!

 

Porque, no final do dia, as regras impostas à comunicação social, às televisões, têm um impacto enorme nos custos. E esse valor não se aplica a quem copia, ou aos operadores dos canais internacionais que inundam o mercado e que competem, diretamente, pelo bolo publicitário!

A rádio não foi morta pelo vídeo, a Internet não matou o jornalismo

Microfone Rádio

"Video Killed the Radio Star", o tema escrito em 1978 por Trevor Horn, Geoff Downes e Bruce Woolley, ainda reside na memória de quem viveu em pleno os anos 80. Na verdade, ao olhar para o panorama dos media, e depois de algumas décadas de televisão, a rádio continua viva. E com um futuro promissor!

 

Mesmo com a Internet, a rádio conseguiu conquistar o seu espaço e, em pleno século XXI, ainda se fala no formato de rádio como um potencial de comunicação com uma dimensão considerável. Os famosos podcast, que as próprias emissoras disponibilizam, são um trunfo ainda por explorar.

 

Para aqueles que acreditam na morte da rádio, pergunto apenas: quando andam de carro, não ouvem rádio? Sim, alguns preferem colocar o MP3 aos gritos, transformando o pequeno veículo numa poderosa arma de poluição sonora (há alturas em que me apetece, e faço o mesmo. Quando estiverem em stress, experimentem ouvir, por exemplo, All the samll things, dos Blink182, com o volume no máximo).

 

Mas, regra geral, para os condutores do dia-a-dia, a companhia da rádio é, com um volume aceitável, uma mais valia, uma companhia.

 

No entanto, precisa de ser reinventada. Para esta análise, vamos dividir o conteúdo em duas partes: informação e entretenimento. Nesta segunda categoria entra tudo aquilo que pode ser considerado mais lúdico como a incontornável música, o humor, as radionovelas... Para quem se esqueceu dos parodiantes de Lisboa, ou nem sequer sabe o que são, uma pequena busca pela Internet pode ser ilucidativa.

 

Mas, na rádio, a música é a rainha do conteúdo. E vai continuar a ser. No entanto, as famosas playlists obrigatórias têm de deixar de existir. É ridículo entrar no carro, ligar o rádio (liga automaticamente, no meu caso) e começar a ouvir uma música, duas, a seguinte. Parar, ir ao dentista ou às compras, e ao regressar ao carro, estar a dar a mesma música. Isto conteceu quantas vezes a quem está a ler este artigo? Demais, tenho a certeza!

 

Um animador já foi, em tempos, o DJ da rádio. Alguém que escolhia a música que passava para as pessoas que o seguiam. Hoje em dia, as playlists obrigatórias limitam esta criatividade. Esta é a principal razão das repetições de músicas num curto espaço de tempo. E pouco interessa que seja o animador A ou B.

 

A minha experiência radiofónica ficou-se pela "era de ouro" das rádios pirata. Ainda andava na secundária, Contraste, era o nome desta rádio situada em Rana, onde morava. As notícias da Lusa chegavam em telex e fita perfurada. Os spots de publicidade estavam em RM (registo magnético), fita que partia com o uso e tinha de ser colada com precisão.

 

A emissão noturna era feita por um autorádio em autoreverse, a tocar sem ninguém presente. A quantidade de vezes que a fita da K7 encravava...

 

Não ganhava salário, nem idade tinha para trabalhar, fazia aquilo como um passatempo, uma paixão que marcou para sempre. Também não dava dinheiro. Nem me recordo bem dos contornos de gestão daquela emissora, mas fazia um pouco de tudo. Editava noticiários, escrevi, na altura, uma radionovela a que chamei "Punk Centeio" (estava na moda o Rock Santeiro) e toda esta novela era uma paródia da versão brasileira.

Tinha esta liberdade pois estavamos já em fase de fecho pela Lei da Rádio.

Tal como o vídeo não matou a rádio, a Internet é uma aliada do jornalismo e não o carrasco! 

Foi ali que o bichinho pelo jornalismo cresceu. Talvez devesse ter seguido o caminho da rádio mas, entretanto, as rádios pirata foram encerradas e o destino tinha reservado outro caminho. Ainda acredito que um dia irei regressar à rádio, quem sabe!

 

Mas, sobre a música, o entretenimento, a revolução, tem de acontecer. A rádio é, também, de quem a ouve. Como é óbvio, a rádio de não se faz dos discos pedidos, mas este é um dos modelos de proximidade que ainda faz funcionar as rádios locais.

 

Não será neste texto que os problemas da rádio serão resolvidos, nem é essa a intenção. O que pretendo é enaltecer a radiodifusão como um dos meios de sempre da comunicação. Será, talvez, desde o início, o modelo mais democrático e prático. E, em muitos casos, a única companhia para a solidão de milhares de pessoas em Portugal.

 

A informação

Creio que, salvo raras excepções, é comumente aceite o papel preponderante de Emídio Rangel na informação radiofónica, mais concretamente na TSF. Mas a informação tem caído, não por falta de profissionais, mas de dinheiro. Afinal, não se chega ao fim da rua, sem ter um custo. A questão é, tal como nos outros meios de comunicação social, quem paga?

 

Abro aqui um parágrafo para assinalar os 28 anos da TSF, onde se discutiu o futuro. Este texto começou a ser escrito há cerca de um mês e acaba por ser uma coincidência a publicação no dia seguinte ao aniversário da rádio que também começou como pirata, muito perto do local onde agora resido.

 

A publicidade, mais uma vez, é a fonte de rendimento das rádios. Infelizmente, o investimento tem sido desviado para o digital, em especial para os grandes players internacionais como o Google ou Facebook. Que, além da fuga a impostos, estão isentos de cumprir obrigações de produção nacional, alheios às regras que pesam nos orçamentos dos meios portugueses.

 

A Internet é, sem dúvida, o meio previlegiado, mas é preciso assegurar que a informação e o entretenimento, a cultura radiofonica, se mantém com capacidade de chegar àqueles que estão, por diversas razões (culturais, económicas, regionais), afastados do digital.

 

A emissão radiofónica é, como costumo dizer, a barata da comunicação: quando houver uma catástrofe, será a única a sobreviver. E, neste caso, como muitas vezes é representado em filmes futuristas/fatalistas, o único elo de ligação entre as pessoas.

 

O futuro dos media está em jogo e a Liberdade de Expressão depende de uma comunicação social forte e pluralista. Falta união, numa classe que tem sido forçada a abdicar do poder de comunicar. Falta a força de fazer frente àquilo que alguém decidiu chamar "jornalismo de cidadão" (este termo esteve na base da criação deste blogue, em 2007), falta olhar para o digital como se olhou para o papel e perceber que o futuro está neste meio e é uma realidade. Mas é preciso ocupar, de forma profissional, o espaço que tem sido ocupado por projetos que ganham dinheiro, sem esforço, sem profissionalismo, sem brio jornalístico.

 

Este artigo, que começou por ser escrito a pensar na rádio, acaba por ser uma carta a toda uma classe que está a permitir que se fale do fim do jornalismo como profissão. Talvez esteja na hora de enfrentar o problema.

Porque tal como o vídeo não matou a rádio, a Internet é uma aliada do jornalismo e não o carrasco!

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