Aprender a ser «multimedia»
Por várias vezes colegas de profissão me têm perguntado onde podem fazer cursos de aperfeiçoamento multimedia. Hoje em dia, em quase todas as universidades os cursos de jornalismo incluem cadeiras de jornalismo multimedia mas avaliando o que passa para o exterior, os alunos acabam por aprender apenas a fazer jornalismo de video para a Internet. Uma espécie de trabalho de televisão para o PC. O que não é a mesma coisa.
Um jornalista multimédia, como já disse várias vezes, precisa de conseguir fazer uma reportagem sozinho. Gravar o video, recolher imagens, fazer as entrevistas necessárias e captar alguns dos melhores momentos em foto para a publicação de uma galeria.
É isto que os utilizadores procuram quando vão à Internet. Informação condensada e bastante pictórica.
A máxima «uma imagem vale por mil palavras» pode ser antiga mas cada vez faz mais sentido. No entanto, é preciso não esquecer que a publicação de material em foto e vídeo exige mais da largura de banda - uma questão que, com o tempo, vai deixar de se colocar com o aumento da largura por parte das operadoras.
Basta ver que actualmente já conseguimos fazer directos em vídeo apenas com uma placa 3G.
No jornalismo multimedia está um passo á frente quem conseguir utilizar ao máximo todas as potencialidades do video, foto e escrita.
Mas vamos por partes.
Um fotógrafo, por exemplo, poderá (e deverá) evoluir para a recolha de imagens em vídeo. Não para fazer grandes reportagens (porque aí a experiência dos repórteres de imagem de televisão conta, e muito) mas para aquilo que é o mais procurado pelos consumidores: o breaking news.
Os jornalistas habituados apenas à «caneta», ou melhor, ao teclado, terão de aprender a trabalhar com vídeo e foto.
Sinto muitas vezes que estou a trilhar caminho inexplorado e é visível na cara de outros jornalistas a ansiedade em relação ao futuro.
Por isso mesmo pondero seriamente em partilhar todas as minhas experiências com quem quiser aprender.