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O Facebook e a estratégia da cobra

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Quando se fala da cobra, de forma figurativa, fala-se da capacidade que o réptil tem para hipnotizar as suas vítimas, deixando-as imóveis. Falando por mim, adopto a justificação desta hipnose se dever ao medo paralizante que o animal provoca quando ficamos frente a frente.

 

Quanto mais aprofundo a experiência pelo Facebook, mais acredito que a estratégia de Zuckerberg assenta neste princípio. Tem a capacidade de deixar o mundo paralisado e, quando menos se espera, lança o ataque feroz. E quando digo, quando menos se espera, falo também metaforicamente. Pois, tal como é certo que se nos colocarmos de frente a uma cobra, seremos mordidos, também se sabe já que em todas as estratégias do Facebook, por muitas promessas que façam, o objetivo será sempre o mesmo: deixar os utilizadores dependentes para depois sugar dinheiro para conseguir uns míseros likes.

 

Neste texto irei abordar duas "novas" tendências do Facebook, o Live e os Instant Articles. Começando pelo primeiro, acredito que o mundo inteiro ficou assoberbado quando o BuzzFeed conquistou, em cinco dias, mais de 10 milhões de visualizações no vídeo onde fazia explodir uma melancia colocando elásticos à sua volta. No seu pico, mais de 800 mil visualizações em simultâneo e terminou com cerca de 320 mil comentários. Fantástico. Uau...

 

Eu consegui mais de 185 mil visualizações, 1700 likes, 3094 partilhas (no vídeo publicado na conta de Facebook do SAPO) na famosa receita de gambas picantes, perfumadas com vinho branco, publicada no blogue Conversa de Homens.

 

Vamos lá esclarecer as coisas, sem grandes rodeios: Sou capaz de apostar que o Facebook e o BuzzFeed fizeram esta estratégia em conjunto para conseguir este número sonante. Afinal, é Zuckerberg quem domina o algoritmo e pode fazer chegar qualquer post, qualquer vídeo, qualquer transmissão no Facebook Live ao número de pessoas que bem entender.

 

Vejamos o seguinte, um vídeo com 44 minutos na Internet? Se eu fizer uma proposta deste género a alguém, certamente sabem o que me dirão. Dois minutos já é demais num vídeo para Internet e tem de ser um conteúdo mesmo "muito bom"! As gambas estavam deliciosas.

 

Mas não, o BuzzFeed conquistou este valor com uma trasnmissão de 44 minutos... Claro que, tal como eu, ninguém ficou a ver duas pessoas a colocar mais de 700 elásticos à volta de uma melancia numa transmissão em direto. E, mesmo no vídeo "em diferido", andaram para a frente e foram diretos ao assunto, aos últimos 40 segundos quando a melancia explode. A experiência, não sendo uma novidade, é gira e tem um climax interessante.

 

Mas, como se sabe, esta é a estratégia do Facebook para conseguir chamar a si as marcas, ansiosas pelo alcance que a rede social promete. Tal como a história tem demonstrado, e a história do Facebook tende em repetir-se, ao contrário do que sucede agora, em que o Facebook Live tem uma alcance orgânico para toda a rede do perfil que faz a transmissão, não tardará em ser preciso pagar para chegar a meia dúzia de pessoas.

 

Não será difícil perceber que aquilo que espera os media ao fundo do túnel não é a luz mas sim um comboio a alta velocidade.

 

Desde o lançamento, em agosto de 2015, que o Facebook Live tem uma vantagem sobre os outros posts. Uma vez que assim que alguém (seja uma marca, celebridade, amigo ou um jornal) inicia uma transmissão nesta plataforma, todas as pessoas nessa rede serão notificadas, queiram ou não. Para quem já se esqueceu, isto era o que sucedia no início dos tempos com os posts de Facebook. Eu tinha a minha rede de amigos e sempre que publicava um post esses amigos, fossem 3 ou 3 milhões, viam o que eu publicava.

 

Depois, o famoso algoritmo, passou a decidir a quem mostrava as minhas publicações. E, se eu quero chegar a alguém, tenho de pagar. Não tenham dúvidas que o mesmo vai suceder quando as marcas estiverem já embrenhadas, e depois de gastarem milhões em publicidade gratuita para o Facebook, com as transmissões de vídeo.

 

Pior do que esta consciência, é ter a certeza que isto vai funcionar, pois todas as marcas vão desviar orçamento de publicidade e marketing para este novo formato, tal como o têm vindo a fazer até agora. E, podem perguntar, mas compensa? Sinceramente, não. Já o tenho escrito por diversas vezes nos artigos publicados.

 

Mesmo para as marcas, que olham de forma gulosa para o alcance da rede social (e é isto que as marcas procuram, numa primeira instância), iremos chegar ao ponto em que a avaliação do investimento necessário para chegar a um número sonante de pessoas versus o retorno, será negativo.

 

Vale a pena recordar que os dados do Facebook mostram o número de perfis alcançados, e quando se paga, o alcance, diz o Facebook, é maior, mas pouco se pode fazer com esse número. Sabemos que são 100, mas não fazemos ideia de quem são. Sabemos sim que pagamos por alcance e o retorno, seja em cliques ou em vendas, é equivalente a uma miséria.

 

- Recorde o texto sobre o desperdício de investimento nas redes sociais e ainda Post pago no Facebook: Time line de um caso prático

 

A discussão ainda não é clara, sendo que as marcas olham para o Facebook como uma maneira de conseguir mais alcance (apesar dos maus resultados obtidos até agora); enquanto os media, que começaram a olhar com ar desconfiado, estão a cair no encanto da serpente. Não tendo investimento nos seus sites, vêem-se obrigados a procurar um local onde haja esperança de monetizar o conteúdo.

 

Uma coisa é certa, os orçamentos de publicidade são limitados e têm sido desviados para Facebook e Google em detrimento dos meios de comunicação social.

 

Artigos Instantâneos

Esta é outra das promessas de el dorado que Zuckerberg lançou aos media e, por muito que me custe, acredito que vai conseguir enredar os órgãos de comunciação social, as marcas e produtores de conteúdos em geral. Em Portugal, grupos como a Impresa ou a Cofina, vão apostar nos instant articles (artigos instantâneos) para aí disponibilizarem os seus conteúdos, gratuitamente, com a promessa de poderem ficar com 100% das receitas de publicidade angariada pelos meios e cerca de 70% se a publicidade for angariada pelo Facebook. Pelo menos, enquanto o Facebook não decidir mudar as regras!

 

O crescimento do investimento publicitário tem sido grande no digital, mas a maior fatia é desviada para o Facebook e Google. 

 

Mais uma vez, esta estratégia visa criar a necessidade e habituação, manter as pessoas dentro do Facebook em detrimento dos sites das empresas ou dos meios de comunicação social. Com o tempo, creio que não será difícil perceber o que vai acontecer. Os sites tendem a perder ainda mais tráfego e será impossível controlar os danos provocados. O horizonte será um inventário de sites vazios, sem tráfego, sem melhorias técnicas ou de design, a povoar a Internet.

 

Perdem-se postos de trabalho ao nível dos jornalistas mas também comerciais, técnicos e designers, especialistas de usabilidade...

 

Aqueles que pensam poder controlar os danos estão ao nível de um viciado que acredita seriamente que consegue controlar as coisas, se experimentar só mais esta vez.

 

Enquanto que no caso das marcas, das empresas, o dano é feito ao nível do gasto dos orçamentos de marketing e publicidade (que vivem na ilusão de um retorno que raramente existe), os meios de comunicação social perdem audiência e vêm as marcas desviar os investimentos para o Facebook e Google.

 

Os dados de mercado dão conta que o investimento em digital vale já cerca de 70% do total (ficando os restantes 30% para TV, rádio e imprensa). Mas, desses 70%, apenas 30% chegam aos meios de comunicação social nacionais.

 

O restante vai para Zuckerberg e para o Google. Ou seja, apesar do crescimento exponencial do investimento em digital, os players nacionais estão a perder terreno. Perdem no papel, obrigando as publicações a encerrar e, mesmo apostando no digital, vai ser quase impossível manter as portas abertas.

 

Não pelo custo de um site, que hoje se consegue de forma quase gratuita, mas porque o tráfego vai estar todo no Facebook. E, uma vez que os media dependem da publicidade para cobrir os custos de produção de conteúdos (os leitores recusam-se a pagar para ler notícias); e a publicidade foge para o Facebook, não será difícil perceber que aquilo que espera os media ao fundo do túnel não é a luz mas sim um comboio a alta velocidade.

 

Além disso, e ainda está para se perceber como os meios de comunicação social e marcas vão lidar com o tema, é preciso não esquecer que o Facebook está a salvaguardar para si a definição de conteúdo válido. Haverá uma equipa a analisar e a aprovar o conteúdo submetido e apenas é possível enviar para aprovação quando tiver um mínimo de 10 artigos inseridos.

 

Ou seja, mesmo quem quer testar, terá de enviar para o Facebook um mínimo de 10 conteúdos que irão engrossar o seu inventário.

 

Por isso, quando Zuckerberg, tal como uma cobra, lança estes feitiços, ficamos todos paralizados, aparentemente sem noção que estamos apenas à espera do ataque de misericórdia.

 

 

Bloguer, é uma profissão?

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Os blogues, os bloguers, a blogosfera. Pelo menos uma destas palavras, senão todas, porque vivem num conjunto, já lhe passaram pela frente. Nos últimos anos, principalmente desde que começou a haver autores de blogues a ganhar dinheiro com os posts que publicam, e com o crescimento exponencial da presença da Internet no dia a dia, muitos decidiram apostar neste formato para tentar monetizar a escrita.

 

Como quase tudo, começou de forma gradual. Os pioneiros, com ajuda da própria comunicação social que a determinada altura começou a fazer notícia com alguns blogues, conquistaram uma presença valiosa no mercado de conteúdos. É incontornável, no panorama português, falar da Pipoca mais Doce (começou com um blogue, hoje é muito mais que isto), do Casal Mistério, entre outros blogues tipicamente mais apetecíveis para os anunciantes, pelo reconhecimento.

 

O mundo dos blogues cresceu, sem regras, ou melhor, com as regras da "comunidade". E, apesar da abertura que a Internet permite, é uma comunidade um pouco "fechada", uma espécie de clube.

Foi a Web 2.0, agora é a Internet das Coisas. Se, por estarem a ler um blogue, esperam que este texto seja mais um a colocar estas plataformas no topo da pirâmide estão, em parte, errados e podem mesmo ficar desiludidos. Nem todos os blogues merecem destaque, mesmo alguns dos mais conhecidos, pela falta de qualidade e criatividade dos conteúdos que apresentam.

 

Muitos deles nem sequer contribuem para uma discussão de ideias!

 

Lê quem quer, dirão de imediato alguns. E com razão. Mesmo os que estão a ler este texto e já começaram a espumar! Afinal, os leitores têm aquilo que exigem e os patrocinadores só são enganados quando tomam a decisão de investimento apenas por números e ignoram a falta (para não dizer total ausência) de qualidade do conteúdo. Mas têm na base uma figura pública e/ou apresentam números de acessos sonantes, muitas vezes tráfego comprado. Além disso, são blogues "agenciados"... Já vamos ao tema das agências!

 

O conteúdo relevante continua a ser a melhor forma de envolver os consumidores. Esta é uma afirmação com muitos anos e atualmente, no digital, continua a ser uma verdade cada vez maior.

 

O negócio dos bloguers tem crescido em todo o mundo mas, a bem da clareza, é preciso haver regras. O consumidor, as pessoas, o mercado de conteúdos, têm direito a ser protegidos. A ideia de que cada um tem de saber o que faz, quando lê um texto num blogue, é errada. Muitas vezes, as pessoas são levadas até esses blogues através de destaques e posts em sites credíveis com bastante tráfego e nas redes sociais. E, na maior parte das vezes, levam com um texto altamente comercial...

 

Ser bloguer, ainda não é profissão. Para ser, tem de respeitar regras, como todas as outras profissões. Uma coisa é ter um blogue pessoal, uma espécie de diário da sua vida, outra será publicar artigos com ambição editorial e jornalística ou pagos por determinada marca para serem redigidos. As marcas têm optado pelos blogues para apostar em Content Marketing, em detrimento de investimentos feitos nos media. 

 

Estão no caminho certo, os blogues devem fazer parte da estratégia, mas as marcas precisam de apostar mais na qualidade da escrita, na relevância do conteúdo, do que nos números e no barómetro da figura pública, dos chamados influenciadores.

 

Quando estes "bloguers" tentam fazer a cobertura de eventos, em competição com os órgãos de comunicação social, estão a entrar no espaço de profissionais que respondem a regras. E este "pormenor" é crucial para a discussão!

 

Em Portugal, o tema foi levantado pela ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social, com uma deliberação que recomenda que haja uma distinção entre blogues de cariz pessoal e aqueles que se assemelham a órgãos de comunicação social, criados por jornalistas, ou com ambições a tal.

 

É sabido que muitos blogues solicitam acreditações para ter acesso aos espaços de imprensa de determinados eventos, e têm sido concedidos. O problema, claro está, não é dos bloguers que pedem o acesso, mas de quem lhes atribui as acreditações, permitindo que circulem nos mesmos espaços dos jornalistas que têm regras e uma deontologia a cumprir.

 

O que a ERC defende é que no caso destes blogues, haja um estatuto equiparado a jornalista. Sujeito a regras idênticas às que o jornalista de um OCS está sujeito. Parece justo que as regras sejam para todos e nem sequer devem ser os consumidores a ter de lidar com essa distinção. Porque, não havendo regras, como e a quem pode um consumidor queixar-se?

Como jornalista, e acreditando que haverá uma clarificação para separar o trigo do joio na blogoesfera, aceito que também existam regras.

Além disso, a ERC lançou também a questão da obrigatoriedade de referência aos posts patrocinados que, para serem escritos num blogue, foram pagos por qualquer entidade em forma de patrocínio. É isto que se passa noutros países, como em França, por exemplo. É isto que os órgãos de comunicação social são obrigados a fazer.

 

Não parece errada a intervenção da ERC, mas a discussão será acesa. Afinal, as regras são um dos pilares da Democracia e não uma obstrução à Liberdade e Expressão.

 

Os bloguers que se apresentam como tal, assumindo que essa é uma das suas "profissões", até a bem dessa profissão, devem aceitar a existência de regras. Devem aceitar a transparência e a distinção com blogues menos "sérios".

 

Quanto aos blogues e bloguers assumidos, creio que as regras irão ajudar a clarificar e a cimentar uma profissão de futuro. Se não querem ser profissionais, e apenas escrever um diário pessoal, sem fins comerciais, serão outra coisa qualquer na vida, mas não bloguer!

Já agora, talvez o termo a usar deva ser bloguista, como está inscrito no Grande Dicionário da Língua Portuguesa. Além de ficar mais próximo de jornalista, é o termo adoptado oficialmente pela língua Portuguesa! Tenho algumas dúvidas sobre o tema, pessoalmente, prefiro bloguer (escrito à portuguesa)...

 

O Content Marketing

As regras para os orgãos de comunicação social são bem claras. Neste novo contexto do Content Marketing, tal como foi adotado a nível internacional pelos grandes títulos, como o New York Times, as regras também devem ser cumpridas pelos blogues, referindo que determinado artigo foi patrocinado?

 

A lei é clara mas abre espaço a determinadas interpretações. O caso dos OCS que se dedicam a escrever sobre tecnologia ou automóveis, por exemplo, falam de marcas e produto em todos os artigos escritos. Mesmo quando não são pagos para o fazer. E aqui surge o primeiro impacto: se a marca pagar, o artigo será menos sério?

 

A regra a aplicar, diz o bom senso, será sempre a da isenção do jornalista, o argumento da escolha editorial. O jornalista deve escrever com liberdade, sem intervenção ou manipulação. Tanto espaço para debate... Será tema para outra conversa, mas questiono apenas o seguinte: quem controla o que um diretor, ou editor, pede a um jornalista para escrever. Mesmo suspeitando que pode estar a fazer "um frete", o jornalista nega-se a escrever?

 

E podem estar a questionar, e bem: então, se é assim, quer dizer que os jornalistas também desrespeitam as regras? Sim, há quem o faça, mas pelo menos há regras e podem ser punidos quando não as cumprem.

 

O que lhe incute (ou deveria incutir) credibilidade e a tal isenção de análise, será o nome do OCS e do jornalista detentor de uma carteira profissional.

 

E se, no meu blogue, decidir falar de uma marca, por qualquer razão, mesmo que não me paguem nada por isso? Chama-se liberdade de expressão, todos o podem fazer. Há quem o faça apenas para se queixar de um serviço que correu mal, ou que correu muito bem. Há quem op faça para dizer que a marca se recusou a ceder um produto para testar... As redes sociais têm esse poder. Ou, como fiz no último post neste blogue, escrever sobre a criatividade de um anúncio de uma marca ou sobre este novo conceito de churrasqueira de bairro. (A título de esclarecimento, ninguém me pagou para escrever isto.) 

 

No entanto, tal como escrevi há uns meses: não me choca escrever uma história que é paga, patrocinada por uma marca. Seja no meu blogue, seja num OCS, mesmo que tenha de citar marca, desde que me sinta confortável com o que escrevo. Mesmo que seja para escrever uma experiência como consumidor de um produto. Estou a relatar, de forma profissional, uma experiência vivida.

 

Será diferente se tiver de escrever algo com o qual não concordo por ser mentira ou se considerar que posso influenciar de forma negativa uma pessoa. É, também, uma questão de consciência ou deontológica. Mas, como jornalista, e acreditando que haverá uma clarificação para separar o trigo do joio na blogoesfera, aceito que também existam regras. Afinal, desde que seja claro para todos, esta será uma forma de ganhar dinheiro com o conteúdo que chega aos leitores de forma gratuita.

 

Uma profissão com futuro e o papel das agências

Atualmente, depois da loucura que se tem vivido com os posts pagos por marcas em blogues de maior dimensão - que fizeram o seu caminho com uma boa estratégia de marketing, alavancados pelos órgãos de comunicação social que, ao falar deles lhes deram credibilidade - os utilizadores começam já a olhar para alguns destes posts com desconfiança. Basta estar atento a alguns comentários nesses blogues onde são os próprios leitores a disponibilizar o link do conteúdo original. Muitos deles carecem de qualidade, apesar de serem bem pagos.

 

Durante o ClickSummit, no painel Agenciamento de Celebridades Digitais, Francisco Gautier, da Blog Agency, revelou, perante o espanto da audiência (manifestado através de tweets e de burburinho), que há figuras públicas a ganhar entre 10 mil  a 20 mil euros/mês com o blogue e que, muitos deles, nem sequer escrevem o que lá é publicado.

E coloco aqui dois dos tweets que Pedro Rebelo publicou no momento e representam o espanto da audiência!

 

 

 

Como é óbvio, esta prevaricação do mercado, do mundo dos blogues, tem um impacto bastante negativo para quem tenta vingar com a aposta em conteúdo original. Agregar tem o seu mérito, mas convenhamos, se todos formos agregadores, se são os aregadores a ganhar mais dinheiro do que os produtores do conteúdo original, com o tempo, deixará de haver conteúdo!

 

Por isso, uma clarificação irá também ajudar a separar, do ponto de vista qualitativo, os blogues que podem ter algo de útil daqueles que apenas servem de repositório, de cópias de conteúdo alheio. De traduções de textos alheios, de blogues que são uma espécie de agregadores de conteúdo de terceiros. Mas este tema será ainda mais difícil de debater pois o papel de curadoria e agregação também tem a sua utilidade.

 

Para os que recusam esta discussão da existência de regras, se não querem ser profissionais, e apenas escrever um diário pessoal, sem fins comerciais, serão outra coisa qualquer na vida, mas não bloguer (bloguista)!

 

Serão apenas pessoas que gostam de colocar o seu diário na Internet, em vez de o deixarem trancado com cadeado. E aí sim, sem presunção, permitir que aquilo que escrevem seja escrutinado pela comunidade. Mas, pelo menos, são os autores que escrevem e interagem com a comunidade!

A criatividade está de volta?

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Nos últimos anos, principalmente desde o grande crescimento do digital, a publicidade, na sua forma tradicional, tem caído bastante. Os adblockers dos browsers, como principal razão, mas não única, para esta queda, têm provocado uma redução significativa nos investimentos feitos nos formatos tradicionais.

 

Apesar de tudo, no que diz respeito ao mercado publicitário, o investimento no digital tem crescido, de acordo com dados de mercado, cerca de 10% ao ano. Mas a maior fatia desse crescimento é feito através do investimento no Facebook e Google.

 

Novas formas e formatos foram tentados, com conversões bastante abaixo do esperado. Mesmo em relação à "inovação" dos posts patrocinados do Facebook e outras redes sociais, a queda é inevitável com os Retornos do Investimento a resgistarem níveis dificeís de explicar.

 

Na procura de novas formas de comunicar, surgiu o termo Inbound Marketing, por oposição ao tradiconal Outbound. E essa nova forma de comunicar é feita, essencialmente, com recurso a conteúdo.

A criatividade é o ponto fulcral do sucesso da publicidade. Perante as novas tecnologias, o desafio é ainda maior.

Como tenho escrito aqui por diversas vezes, o Content Marketing teve espaço para crescer, para ser colocado no local de destaque que merece. A estratégia de apostar em conteúdo relevante, que atraia os consumidores, os clientes, até à conversão, quando bem feito e aplicado, tem-se revelado mais eficaz do que qualquer campanha tradicional.

 

Afinal, a relevância do conteúdo da mensagem sempre foi crucial para o sucesso de uma relação. Não é diferente daquilo que é necessário nas relações as marcas com os consumidores. Depois, é preciso não esquecer que é muito chato estar a ouvir uma pessoa sempre a falar de si. O mesmo se passa com as marcas. Quando o foco é feito nos produtos, nas marcas, nas empresas, a comunicação perde interesse. O foco, o centro das histórias, deve estar no público alvo e nas suas necessidades.

 

Mas, uma não substitui a outra. A publicidade, na sua génese mais agressiva, vai continuar a existir e será sempre necessária numa estratégia de comunicação de marca. De forma complementar e com recurso a maior criatividade.

 

As plataformas permitem maior liberdade, as larguras de banda, as capacidades dos telemóveis, a predominância dos smartphones, estão à espera da criatividade. De vez em quando, lá surge um ou outro anúncio mais interativo, mas com pouco engagement. É bonito, passa marca, tenho algumas dúvidas em relação aos níveis de notoriedade alcançados por muitos dos anúncios que se autodominam como virais.

 

Principalmente porque os resultados obtidos com os investimentos feitos nas redes sociais raramente compensam o investimento feito.

 

Neste último ano tenho dado de caras com alguns destes exemplos. A nível internacional, a Super Bowl é o evento que continua a despertar maior interesse, pelo que custa o espaço, e pela conotação viral de alguns desses vídeos. São coisas bem feitas, sem dúvida, com histórias emotivas, o cachorro enamorado por um cavalo (o que há para não gostar nisto, ainda por cima num ambiente de rancho tipicamente americano, certo?). Mas qual o verdadeiro retorno para a marca?

 

A grande maioria continuam a ser "simples" anúncios, pagos a peso de ouro, pelo potencial de audiência, no intervalo de uma final de futebol americano. Até agora, ainda não se consegue medir a quantidade de olhos que estão realmente a olhar para o écran, mas todos sabemos, há muitos anos, que é nesta altura que se aproveita para ir fazer "o chichizinho"!

 

Falta maior criatividade, não na produção, mas na forma. Na minha opinião, há excepções, como este spot da Coca-Cola, que me levou a escrever este texto, acreditando que o processo criativo continua a ser uma esperança. Não sou um fanático do refrigerante, mas não haja dúvidas que este formato contempla todos os meios, incita à participação do público-alvo e tem níveis de engagment reais.

 

Alguém duvida que a Coca-Cola sabe, exatamente, quantas pessoas "beberam" o seu anúncio?

 

 

Coca Cola Creates First Ever Drinkable Advertising Campaign

Coca Cola Creates First Ever Drinkable Advertising Campaign (by Ogilvy & Mather)

Publicado por Fubiz em Terça-feira, 29 de Março de 2016

 

Os media estão a viver na era de "The Walking Dead"

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A crise que afeta os media portugueses é como um vírus que ocupa praticamente todo o planeta. Por muito que se procurem culpados este é um fenómeno ao nível do que se representa na série de ficção "The Walking Dead".

 

Antes de mais, convém dizer que a culpa não morre apenas na Internet. Aliás, a título de esclarecimento prévio, este meio é valioso e tem sido ignorado pela gestão das empresas de media.

 

No entanto, a Internet lançou um vírus que apenas ajuda a propagar os chamados "conteúdos virais". Vídeos de pessoas a bater com a cabeça numa parede, um acidente brutal, um gatinho a saltar de uma bancada de cozinha e a cair dentro de uma panela com água quente, dois homens da construção civil a trabalhar de forma ignóbil (leia-se, provavelmente porque acharam que ao fazer esta figura parva estavam a ser engraçados) que acabaram por ser gozados como pessoas sem o mínimo sentido de realidade. Vale tudo!

 

Não se fica apenas pelos vídeos. Os títulos enganadores, os textos mal escritos, copiados, muitas vezes, são "valorizados" por quem lê. Tornam-se virais porque os "algoritmos" das redes sociais assim o definem. São os conteúdos que apelam ao "voyeurismo", o mesmo fenómeno que nos faz parar para ver um acidente, bloqueando o trânsito.

 

Torna-se viral porque os próprios media abdicaram de lutar pela qualidade. Foram atingidos pelo vírus e, eles próprios, na ânsia de conquistar mais cliques, ajudam a propagar estes conteúdos. Não estão a fazer um bom serviço. Nem a eles, nem ao público, que deveria ser educado com conteúdo de qualidade.

 

Do ponto de vista de gestão, muitos dirão que não compete aos media educar o público. Se querem ver novelas, a grelha das televisões enche-se de novelas. Com ou sem qualidade.

 

E isto sucede porque, em plena guerra contra o vírus, contra a desgraça e fim eminente de uma classe profissional, em vez de união, os media abatem-se uns aos outros. Um parelo com a série da FOX onde, os poucos humanos sobreviventes, os que ainda não se tornaram zombies, optam por se matar em vez de se unirem, pela sobrevivência da espécie.

 

Esta será, talvez, uma das séries mais parvas que existe, mas tem seguidores fiéis. Eu, pecador me confesso. Mais do que as cenas sanguinárias, existe na génese do argumento toda uma análise sociológica daquilo que somos como humanos.

O que sucederia se todos os grandes jornalistas, focando o tema em Portugal, se juntassem para fazer um projeto editorialmente forte, isento, sem ligações económicas ou políticas.

A cada episódio não espero nada mais do que ver Rick e o seu grupo estoirar a cabeça dos "walkers", mas anseio pelo desfecho sociológico. Pelas relações entre os humanos que, em situações de crise, pensam apenas em si e esquecem que, se unirem esforços, podem ser mais fortes. Lutam e desperdiçam alimentos. Lutam e morrem às mãos de pessoas que também fogem aos perigos. Fecham as portas a quem, desesperado, procura abrigo e refúgio. Não é assim tão longe da realidade. Quando vejo o que está a suceder com a crise dos refugiados sírios, imagino cenas ao estilo "The Walking Dead".

 

O mesmo se passa nos media portugueses. Não digo que isso aconteça ao nível dos jornalistas, dos poucos que ainda pensam a profissão, com rigor, deontologia, sentido de responsabilidade e respeito pelos leitores. Mas há muitos anos que sucede com quem decidiu que o jornalismo deveria servir os interesses de alguns e não a liberdade de expressão e a democracia.

 

Nas redações, pratica-se a auto-censura. Quase nem é necessário haver um diretor "mandado" a bloquear ou a encaminhar a escrita em determinado sentido. O sentido de salvação do lugar, do emprego, do salário precário ao final do mês, na maioria dos casos a recibos verdes, sobrepõe-se a tudo isto. Mesmo os históricos que ainda estão nas redações, sentem o peso da censura. Dali, só a reforma!

 

Nas redações também há profissionais exemplares, em todas elas, que não crescem. Muitos, os mais novos, sem a possibilidade de aprender com a memória de gerações anteriores. Crescem e potenciam este vírus. Sabem como entrar na corrente do algoritmo, muitas vezes sem pensar no erro.

 

Por essa razão, nas redações falta memória. Falta quem ensine às novas gerações como se faz jornalismo a sério. Esses "professores", que ensinam mais do que nas universidades, estão afastados. São os incómodos, os que questionam mas que, no fim do dia, também se mantêm de costas voltadas.

 

O que sucederia se todos os grandes jornalistas, focando o tema em Portugal, se juntassem para fazer um projeto editorialmente forte, isento, sem ligações económicas ou políticas. Sem diretores "nomeados", sem os prussianos que não se revoltam.

 

Alguém iria pagar para ler o que fosse publicado? Ou voltamos ao tema de base: vai ser um projeto dependente da publicidade. Dependente da decisão de quem investe e que pode, de alguma forma, influenciar negativamente as receitas que entram.

 

Ser jornalista é, acima de tudo, ser alguém com amor pela liberdade, com a responsabilidade sobre aquilo que escreve, que publica. Com obrigação de cruzar informações, confrontar e confirmar as fontes de informação. É alguém que deve saber conquistar e manter a credibilidade do seu nome perante quem o lê, vê, ouve!

 

Um jornalista não deve ter opinião? Deve, quando assina uma coluna e o assume dessa forma. Mas não deve emitir opinião, ou ocultar factos, quando escreve uma notícia. Há espaço para a opinião dos jornalistas, desde que seja claro para o leitor. Mas um jornalista é, supostamente, alguém informado, e para emitir opiniões deve ter sempre em conta os limites do bom senso. Afinal, escrever num jornal, num site credível, ou até num blogue, não é o mesmo que conversar com os amigos num café.

 

Não deve servir apenas para "passar a mensagem". Deve ser a sua opinião, como cidadão com acesso a informação e com o poder de chegar às pessoas.

 Quem sabe, com o tempo, com união profissional, se consiga voltar a dar ao jornalismo o lugar de destaque que ele merece.

A Internet não é a culpada do que se passa, os media não souberam, ainda, adaptar-se a este novo meio. Falta de visão, de lógica de gestão. De aposta na formação dos profissionais. Foi-se optando pelo mais simples, pelo que dava mais jeito, por enaltecer o "jornalismo do cidadão" (fico com arrepios só de escrever estas duas palavras, porque penso sempre na medicina do cidadão ou na arquitetura do cidadão) em vez de potenciar e fazer crescer os jornalistas.

  

Hoje em dia, as televisões passam os vídeos caseiros, os jornais publicam as fotos do público com o mesmo destaque que deveriam dar ao trabalho dos jornalistas. Os sites, as televisões, incentivam o envio de fotos e vídeos por parte dos utilizadores. User Generated Content. O termo é válido e, em casos como este, do granizo, ou dos atentados de bruxelas, pode ser mesmo crucial do ponto de vista informativo. Mas perde pelo que está na génese de uma reportagem.

 

Quem confirma que todas as fotos enviadas, os testemunhos escritos, enviados por email, são, realmente, do granizo que caiu nesse dia? Quem confirma que um email enviado com um depoimento do que "supostamente" viveu como testemunha durante os atentados de Bruxelas não de trata apenas de alguém que está sentado na cadeira ao lado da pessoa que o coloca em destaque?

 

Este conteúdo gerado pelos utilizadores tem o seu espaço, mas não deve susbstituir, nem sequer ser colocado no mesmo nível do trabalho jornalístico.

 

Pelo meio ouve-se muitas vezes que "a decisão de edição está entregue a miúdos que sabem qual o melhor título para dar cliques, mesmo que esse título diga tudo menos o que está escrito na notícia. Miúdos que não sabem distinguir informação de entretenimento".

 

Em parte, é verdade. A maioria dos jornalistas mais antigos (na casa dos 40 e poucos anos, e já são "os velhos", porque em Portugal envelhece-se depressa) resistiram à Internet. Lutaram pelo estatuto do papel. Abdicaram de se atualizar, de perceber as novas tecnologias. Tal como os títulos estão a entregar ao Google e Facebook o ouro, que são os conteúdos, os jornalistas deixaram nas mãos dos inexperientes a definição do jornalismo de Internet.

 

Os interesses económicos

Durante anos, os interesses de grupos económicos têm sido colocados acima de qualquer lógica de qualidade editorial ou jornalística. O cenário a que chegamos tem uma origem, e será fácil identificá-la. O poder dos media tem sido usado pelo poder económico como forma de dirigir interesses. Ao mesmo tempo que os jornalistas perdem força.

 

Aquilo que sucedeu com o Diário Económico, com a suspensão da edição impressa, será o menor dos males. É preciso pensar porque se permite que um projeto líder esteja em risco de fechar por más decisões de gestão. Por guerras accionistas. Li, em diversos comentários, que a culpa será também dos jornalistas. Sim, em parte sim, por não irem para o desemprego por fazer frente às questões de pressão, por não terem força nem união para combater aquilo que são as regras de uma profissão mal paga.

 

Será que se pode dizer que, mesmo perante o atual cenário, os jornalistas do Económico assumiram uma posição de união? Têm manifestado publicamente algumas posições mas,será que o estão a fazer apenas porque a administração já está fraca, sem o suporte da estrutura de lobby que manteve esta gestão e permitiu que chegasse até aqui?

 

A dúvida que muitos levantam é legítima: vale a pena manter a luta por uma empresa que está a entrar em insolvência? As alternativas não são muito melhores. O mercado não tem capacidade para absorver os 140 trabalhadores do Económico. Nem os cerca de 40 jornalistas irão conseguir trabalho. São poucas as empresas de media a contratar e, as que o fazem, estão a aproveitar recursos de topo com salários baixos e a recibos verdes.

 

Por isso, vamos todos andando neste mundo moribundo porque, enquanto houver quem ganhe dinheiro, o problema nunca será encarado de frente com união. Ainda existe uma réstia de esperança do lado de quem lê que começa a sentir falta da qualidade informativa. Quem sabe, com o tempo, com união profissional, se consiga voltar a dar ao jornalismo o lugar de destaque que ele merece.

 

A maior parte dos jornais em papel, pelo menos no que diz respeito a edições diárias, tende em fechar portas. Ouvem-se muitas queixas sobre o Correio da Manhã, mas é o jornal que mais vende em banca e será este, provavelmente, o último projeto a cair, se cair. E, se colocar-mos de lado o estilo tabloide, talvez seja o único jornal a fazer algum jornalismo de investigação em Portugal. Poderá ser levado à ruina se alguém tiver interesse em abafar as notícias publicadas. Se alguém surgir com 27 milhões de euros para comprar o jornal, tal como sucedeu com o Económico, ser líder poderá não ser garantia de nada.

 

Mas o papel será sempre (pelo menos nos próximos anos) uma fonte de credibilidade que a Internet ainda não tem. Compete aos jornalistas tornarem este meio mais credível, é aqui que estão as pessoas, é aqui que os futuros leitores acedem!

Deixar esse papel nas mãos das redes sociais será contribuir para o extermínio.

Económico abre a porta ao princípio do fim dos jornais em papel

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A capa da última edição em papel do Diário Económico

 

O Diário Económico coloca esta sexta-feira nas bancas a última edição em papel. A partir da próxima semana o Económico irá concentrar esforços apenas nas edições online e no canal de televisão. O Administrador do grupo, Gonçalo Faria de Carvalho, anunciou que, a partir de segunda-feira, a edição em papel estaria suspensa.

 

A decisão, comunicada aos trabalhadores ao final da tarde de quinta-feira por Gonçalo Faria de Carvalho, visivelmente emocionado, tem por base o insucesso do objetivo de venda a um novo investidor. 

 

As graves dificuldades económicas em que o grupo se encontrava, estando os trabalhadores com salários em atraso há vários meses, forçam a decisão do encerramento da versão em papel. Algo que há muito se espera no mundo do jornalismo pois, com o atual cenário e a fuga dos leitores para o online, as vendas e o investimento publicitário têm caído a pique, de forma generalizada, em Portugal mas também a nível internacional.

Com 138 trabalhadores, sendo que a redação é composta por apenas 31 jornalistas, o processo de recuperação deverá passar ainda por uma redução da massa salarial.

Com esta decisão, o administrador do grupo Ongoing, deixou por esclarecer se iria declarar falência da ST&SF, empresa do grupo que detém o Económico e que recentemente apresentou um Processo Especial de Revitalização. 

 

Recorde-se que, no iníco de março, o El País, o maior jornal espanhol, anunciou o fim do papel, que será feito de forma mais suave, ficando a marca focada no digital. De forma geral, mesmo os grandes grupos também estão a sofrer com esta crise da publicidade, tal como ficou claro pelas declarações de Rosa Cullell, responsável da Media Capital, que lançou o desafio a Francisco Pedro Balsemão, para a criação de um algoritmo concorrente ao dos players internacionais. Isto, durante o debate sobre o futuro da comunicação promovido pela IPG Mediabrands.

 

Esta medida, de manter apenas a versão online, tinha já sido tomada em relação à versão brasileira do Económico (Brasil Econômico), em julho de 2015. Este jornal foi lançado em 2009, pela Ejesa, empresa participada pela Ongoing.

 

Ao deixar as bancas, o espaço dos jornais de economia fica entregue ao Jornal de Negócios, do grupo Cofina.

De recordar que o Jornal de Negócios começou por ser apenas um jornal digital e só mais tarde avançou para a edição em papel, primeiro semanal e depois diária. Uma decisão tomada devido ao espaço existente, graças à necessidade de pluralidade.

 

O Diário Económico foi lançado a 30 de Outubro de 1989, sob a direcção de Jaime Antunes, Silvério do Canto e Goulart Machado. Ao fim de quase 27 anos, deixa as bancas, com Raul Vaz como diretor, que está demissionário desde a semana passada.

 

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Tal como se pode ler no título de manchete da primeira edição do Brasil Econômico, a citação de Lula da Silva, que hoje está nas bocas do mundo pelas suspeitas de corrupção, "Quando nasce um jornal a democracia se fortalece". O oposto também é verdade!

 

Apesar desta decisão, que vai reduzir substancialmente os custos de produção, a empresa ainda precisa de ser recuperada, desconhecendo-se ainda as medidas de gestão a aplicar. A direção interina ficará a cargo de jornalistas do Económico.

 

De acordo com a comunicação feita aos trabalhadores, Gonçalo Faria de Carvalho assegura que o regresso da edição em papel não está descartada, caso a recuperação da empresa seja um sucesso e o mercado volte a recuperar.

 

Com 138 trabalhadores, sendo que a redação é composta por apenas 31 jornalistas, o processo de recuperação deverá passar ainda por uma redução da massa salarial.

 

O dono da Ongoing, Nuno Vasconcellos, foi recentemente criticado pelos trabalhadores depois de colocar no Facebook, as fotos de um jantar de salmão. De acordo com o site institucional da Ongoing, "em 1989, o grupo integrava 25 empresas, empregava 1.500 pessoas e tinha vendas superiores a 20 milhões de contos (cerca de 100 milhões de euros), o que representava 0,2 por cento do produto interno bruto (PIB) português".

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