Flix sem net
O Netflix entrou em Portugal, depois de fazer furor, principalmente nos EUA, ao romper com os formatos actuais de pacotes de televisão. Uma oferta sem fidelização, mensalidades bastante baixas, quando comparadas com os serviços das empresas de distribuição (MEO, NOS, Cabovisão, Vodafone...).
No entanto, o Netflix não é propriamente o el dorado que a comunicação faz parecer. Qualquer consumidor anseia pelo serviço que permita ter um pacote de televisão à sua medida. De que adianta ter um serviço com 140 canais se apenas tenho tempo para ver uma ou duas séries ao final da noite? Na verdade, há canais que nem sei que tenho.
Mas, não é isto que o Netflix oferece. Este serviço é apenas uma espécie de videoclube que dá acesso a séries e filmes no sistema VOD (Video On Demand) e os seus utilizadores ainda têm de subscrever um serviço de Internet para poder aceder. Se está a pensar que pode ver a RTP, SIC ou TVI, esqueça. Isto não é um serviço de televisão. Nem sequer tem direito a ter Internet em casa.
De que serve um serviço que precisa de um extra acesso à Internet e não permite ver tudo o que existe de oferta televisa?
Portanto, nua e cruamente, no panorama atual do mercado português, onde não existem pacotes de Internet, todos estão incluídos nos serviços das empresas de telecomunicações, subscrever o Netflix não será mais do que um encargo mensal acrescido. Isto, claro, passado o mês gratuito que a marca oferece aos novos subscritores.
Só quem fizer questão de ver determinada série exclusiva deste serviço, ou os curiosos que têm capacidade financeira para pagar, pelo menos um mês do serviço, vai subscrever.
Mas o futuro dos pacotes de televisão terá de passar por algo deste género. Os clientes terão a oportunidade de construir o pacote à sua medida, de acordo com as suas necessidades, subscrevendo apenas os canais de televisão e séries que realmente consomem.
Sabendo disto, as empresas de telecomunicações portuguesas continuam na mesma, sem medo de perder clientes conseguindo perpetuar no tempo o sistema que existe. Mas, certamente, estão preparadas para agir caso o panorama mude. É simples aplicar um modelo de mensalidade por pacote à la carte. Sim, as maiores dificuldades serão nos sistemas de pagamentos e afins, mas tecnicamente, essa é já uma realidade. Basta lembrar que pode subscrever ou eliminar do seu pacote determinado canal Premium, apenas com o comando de televisão.
Por isso, a grande maioria das pessoas que anseiam por um serviço que permite escolha, continuam à espera. O serviço entrou esta semana em Portugal e faltará pouco para se conhecerem os primeiros números (que serão fantásticos, certamente) de acesso ao serviço.